sábado, 27 de agosto de 2011

Madrinha




- Eu tô com tanto medo, Doca.

A gente acha que é forte, mas não é. Não posso ajudar minha amiga. São centenas de quilômetros entre nós. Deu um nó tão apertado no meu peito... Que dor era a minha mesmo? Aquela que pensei ser grande? Daria tudo pra segurar a mão da minha amiga, ajudá-la. Contudo, só o que pude segurar foi o choro sobre o teclado. Pensei em todos os planos que nós temos juntos. Eu queria morar perto dela pra roubar pedaços de bolo. Os nossos filmes seriam épicos. Vão ser. Têm que ser.

- Você vai ser a madrinha de um dos meus filhos magrelos. Não preocupa. Você vai ficar bem, tá?

Não quis contar pra ela que também estou com medo.



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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto