Ah, sim. A gente ama. É. Desesperadamente, às vezes. Nem sempre. Quase nunca, na verdade. Amor bom é amor tranquilo. Em movimento, mas tranquilo. Imprevisível e ainda tranquilo. Ah, sim. Tem a dor do amor. Engraçado que a dor, ah, a dor de amor não costuma ser tranquila. Inaparente, mas não tranquila. Reclusa, pra que você não chore no ônibus como um garoto que perdeu a coleção de Tazo. Lembra do Tazo?
Ah, mas sim, claro. A gente ama. Às vezes. E tenta construir, o tal do Pedro pedreiro contratado na obra, nunca falta e sempre sobra. A gente sente falta de ar com amor, a gente sente que é engraçado, o amor e a dor do amor se misturam tanto.. Desesperadamente. O amor bom e tranquilo é quase nunca, na verdade. A dor boa é a dor tranquila. Não sou Chico e estou aqui trocando as palavras por novos significados. Não entendo Chico, mas entendo que ele não é medíocre nas suas dores. Não sou tão inaparente, meu Deus, eu ainda não parei de chorar e o ônibus já deve estar desligado na garagem a essa hora.
Ah, não. A gente ainda ama. E se não fosse isso seria tão mais fácil, seria tão mais civilizado. Desesperadamente, às vezes. Nem sempre. Quase aaaaaaaaah!, seria tão tão mais fácil escrever sem dor. E sem dor eu jamais teria sentado pra escrever isso. Pra desaguar em caracteres cada batida que meu coração pula, ventrículos e cavidades que não funcionam tranquilos quase nunca, na verdade. Já sentiu falta de ar(,) de amor? Paralisia facial de amor? Que amor é esse seu que não dói? Não é uma crítica, é uma genuína curiosidade. Troco por todos os meus Tazos. Tranquilo. Em movimento, mas tranquilo. Querendo não ter e não bater aqui palavras-remendo, palavras que não tapam um garoto no ônibus. Ou aqui nesse quarto que não me pertence.
Ah, hahaha, ai. Se eu parar de escrever dói. Tudo dói nesse amor que a gente ama. Não tem um Tazo pra me distrair dessa paralisia facial. Dessa dor. Desse homem que eu sou, que faz virar tragicomédia pra amenizar. E fracassa. No ponto final, fracassa.