quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cachoeira de idéias

Isônia. Lexotan. Insônia.

Tião tinha doze metros de gravata metidas no gravatá, sabia já de cor. Como outros Titos, vivia sendo Vítor, um personagem sem nome dos Nestores que tanto faltam nesse país. Em qualquer um dos quatorze estados unidos que morou, sempre foi confusão. Acabou trocando a confusão (que, pelo amor de Deus, não é ninguém que eu conheço!) pela desorientação. Achou que se intitular desorientado soava melhor. Menos dramático. De tanto ser telefonista, acabou trocando o seu próprio nome por um gerúndio. Fernando. Nome próprio. Comprado a prestação.

Parece que tem qualquer coisa errada com minhas sinapses, não consigo organizar meu fluxo criativo. Vou mandar construir lá dentro um viaduto e tirar os semáforos. Não me sinto fazendo sentido. Talvez fosse melhor virar soldado e juntar o mundo, fundido os metais com maçarico. Daí ia poder entortar o sentido da música e me sentir "The Man Who Sold The World". Pior que trocadilho ruim, só o seu tio tosco que te chama de "campeão!" enquanto dá tapinhas na sua barriga.

É melhor um viaduto com ou sem tesourinha?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eu não entendo.

Tem tanta coisa nesse mundo que eu não entendo. Eu tento, juro que às vezes até supero o Tesla no esforço de clarear certas coisas da vida. Mas uma boa parte está completamente fora do alcance da razão. Não só da minha, da humanidade.Um dia desses eu precisava desesperadamente de um relógio. O meu quebrou após uns bons seis anos de uso e eu tinha, literalmente, me perdido no tempo. Quebrou o dito e fui comprar outro. Nas lojas, cada, mas cada um dos vendedores fazia questão de me mostrar a profundidade a que o relógio resistia debaixo d’água. Chegou ao cúmulo de um me dizer assim:

-Olha esse modelo, que beleza. Ainda tem alarme subaquático!

Claro, perfeito. Agora eu não vou ter que me preocupar nem em estar atrasado e nem em dormir quando eu for fazer um mergulho a 200 metros.

Aquele uniforme ridículo do Flamengo, amarelo e azul? Me explica que porra é aquela!

A minha mãe tem uma gastrite nervosa terrível. Em uma crise, ela ficou com o estômago reclamando que nem deputado do PSOL. Me ofereci pra ir comprar algum remédio na farmácia que pudesse ajudá-la. E ela:

- Tá, mas só gasto até quarenta reais.

Liguei na farmácia e a atendente me disse que o remédio que resolveria o problema custava R$53,80. Foi taxativa, “nada feito”, entre gemidos de fazer chorar. Tive que ir até o banco e sacar pra pagar os R$13,80 restantes porque ela estava irredutível, ia ficar agonizando e com dinheiro na carteira. Não há pessoa no mundo que me faça entender isso.

A inexistência do verbo “meiar” no Aurelião. Como nunca ouviu? Meiar, ué! Você já usou diversas vezes, eu sei. O ato de meiar é conhecidíssimo do brasileiro e referência no resto do mundo. O gaúcho é acostumado a meiar o chimarrão numa roda, todo irmão mais velho meia roupas com o mais novo e nas repúblicas universitárias todo mundo meia o sofá da sala. A expressão é oriunda do josémayernismo, que por volta de 1918 (ali, quando Manoel Carlos nasceu) já começou a meiar as protagonistas de novela das oito.

Leia uma letra do Djavan e me diz que faz sentido, que eu quero ver.

Agora, e ex-namorada? Monalisa é só uma baranga mesmo, gente. A ex-namorada que é maior charada da história. Há quem diga que os gays só são chamados assim porque nunca vão ter ex-namoradas. Ela te quer, não te quer, vê e não enxerga. Ela sabe infernizar e também adoçar sua vida. Grandes homens da história foram derrotados pela ex-namorada, a economia balança quando há um crescimento no número de ex-namoradas, pelo menos duas pessoas morrem subitamente toda vez que uma ex-namorada te liga

E o motivo de tanto estrago?
Ah, cara, eu não entendo.

Quem sou eu

Minha foto
"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto