sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Inclusive...




Eu tô olhando pra você.

Mas é só uma foto, então não sei se vale.
Mas não é exatamente uma foto, é apenas uma imagem no computador.
Mas não tenho computador aqui, tudo isso está na minha memória.
Acho que eu tenho uma memória intensa.

Inclusive pro que não se olha. Lembro do gosto do seu perfume, da textura da sua voz.

É engraçado como a gente ama parecido e diferente ao mesmo tempo, né? O sentimento é tão familiar e sempre tão novo, tão único. Amei mulheres, lugares, momentos. Amei tempos, homens, pequenos objetos. Palavras.

Fui sutilmente perdoado esses dias. De erros profundos daqueles dias turbulentos, consegui pedir desculpas. Não por mim, mas pelo respeito que devo a quem se feriu pelas minhas facas. Parece que o perdão veio de volta, pela corda bamba, a seu próprio jeito e forma. Existe amor nisso também.

A sua gratidão me semeou por inteiro. Lembro do bom antes de tudo, quase sempre. De quem eu deixei ficar e de quem eu tirei, inclusive. Tô longe, em uma aventura na cidade cinza. Que a gente odiava, lembra? Agora outros amores me ensinam a gostar cada vez mais daqui.

E o amor, nessa rosa de cores em profusão, parece ser cada vez mais o branco de Oxalá dessa sexta-feira.



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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto