- Tem maca? Só vou se tiver maca.
- Que isso, cara! É uma baladinha.
- Você não tá entendendo, quero sair de lá inconsciente. Mas gosto de ser carregado com conforto.
- Um brinde a isso!
- Mazel tov!
As cores vem e vão pela noite sob aquela tenda de batidas agudas, alternadas. Tinha o cidadão cantando a plenos pulmões, arrancando da garganta toda poeira de semans de ar-condicionado no serviço. Como é minimalista, o mundo da curtição noturna... tantas luzes disfarçando laços sendo construídos e desfeitos, Observar é como pegar a pipoca e ir passear no Zoológico: não dá pra ter certeza se é bom, mas é certamente interessante.
E selvagem.
É cada beijo.
Olha que frenético.
Será que eu danço divertido assim?
Se der mole, vou mandar uma coisa bem jovem pelo Whatsapp.
- Sabe o que eu não entendo dessas escritas de Whatsapp?
- Não, o que?
- O "socórrrr". É meio chatão, parece que tão chamando minha tia Socorro.
- Você tem uma tia Socorro?
- Não, mas poderia ter.
- Eu nunca vou entender o "100ooooor!". É bom, mas muito vanguardista..
- Como é isso?
- Tem esse post. É de um moleque do meu Muay Thai. No Facebook ele atende como Markinhos Malkriado. Sim, dois "k"s seguidos. Aí ele posta foto com pacotes de dinheiro. Tal qual apreensão da Polícia Federal, sabe? E o primeiro comentário era "100ooooor!".
- Realmente. Vanguardista.
Acaba o batidão, entra um DJ de bigode. Bom sinal. Se tem bigode, sabe o que tá fazendo. Nem que seja cagada, será uma consciente.
- E a Marina?
- Não vai andar. Não tô na dela.
- Nem pra dar uma chance?
- Cara, ela veio pra mim ontem, disse "quero te ver!". Eu achei que fosse o trecho de alguma música do Kid Abelha.
- 100oooooooooor!
- É. e bota um socórrrr nisso aí.
Distribuíram serpentinas; Começou a tocar Los Hermanos das antigas. Largamos as bebidas e fomos dançar. E assim como começou, sem nexo e colorida, a noite continuou pra nós.
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