quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pistas

Tchuploc, tchuploc, tchuploc. Meus pés vão batendo sincopadamente pela pista. O vento corta o meu cabelo em partes desiguais enquanto ganho velocidade. Correndo, viro o que minha cabeça descompensada produz. E ela é inteira de vento.

Agora tem isso de me adaptar em uma cidade nova... É estranho pensar que eu sinto saudade de casa. Bom, agora essa cidade é a minha casa. Procuro as pistas que me lembram de onde vim. Sinto o cheiro do sal o tempo todo, umidade em meus pulmões. O som do mar que arrebenta não me desfaz o medo do que há por vir. Medo de descobrir o que está. Vestígios. Tem música nas ruas. Mas eu não ouço nada.

As águas são mais fundas, mas nha!, eu não vim assim tão despreparado. Dá pra ficar mais calmo, mais seguro.

Tchuploc, tchuploc, tchuploc. Tem sol com chuva caindo sobre mim. Existe pista mais misteriosamente bonita que essa?

Um comentário:

...Tatá... disse...

Dá pra imaginar o cenário... Chuva com sol outro dia vi por aqui! É meio infância, sabe? E o cheirinho? uhmmm
Aos poucos, o lugar vai tomando sentido, deve ser mesmo muito louco mudar assim. Desejo boa estadia: em todos os sentidos da existência!

Quem sou eu

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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto