O vento não para, não para, não para, não. E Miguel ali, no despenteio. A bicicleta grita com as pedaladas, satisfeita. A poderosa sensação de se viver sobre rodas.
Cruzamento, sinal fechado. Ele tem medo dos carros. A bicicleta também.
Miguel é um desses caras verdes. Compra tênis biodegradável, faz catavento pra TV funcionar a energia eólica. Começou a estudar filosofia, depois antropologia, depois desistiu desse nosso sistema de ensino falido e burguês, preferindo viver da mesada do pai.
Já a bicicleta é bem menos contraditória. Ela tem duas rodas boas, banco firme. Adventista, rala em dobro às sextas-feiras e descansa aos sábados. Ela gosta do vento assoviando no metal. De sentir as curvas deslizando pelo pneus. A bicicleta tem ambições curtas. A bicicleta gosta mesmo é de ação.
Deu-se que Miguel precisou se desfazer da bicicleta. A bicicleta já não era o veículo verde mais cool pra tirar onda na faculdade. O patinete elétrico é que tá na moda. Abastecido com energia eólica, claro. Foi pra lojinha de usadas e largou a bicicleta ao vento. Sem remorso.
E com um cata-vento, tirei a bicicleta de lá. Por uma pechincha. Agora ela se chama Joaquina. Agora sou eu no despenteio. E a felicidade dela corre de guidão em guidão, de abraços em outros braços. Fazendo o tempo parecer pouco, mesmo que seja um dia inteiro.
E o ventão lá. Soprando. Nem aí pra essa bobagem toda que eu escrevi.
Cruzamento, sinal fechado. Ele tem medo dos carros. A bicicleta também.
Miguel é um desses caras verdes. Compra tênis biodegradável, faz catavento pra TV funcionar a energia eólica. Começou a estudar filosofia, depois antropologia, depois desistiu desse nosso sistema de ensino falido e burguês, preferindo viver da mesada do pai.
Já a bicicleta é bem menos contraditória. Ela tem duas rodas boas, banco firme. Adventista, rala em dobro às sextas-feiras e descansa aos sábados. Ela gosta do vento assoviando no metal. De sentir as curvas deslizando pelo pneus. A bicicleta tem ambições curtas. A bicicleta gosta mesmo é de ação.
Deu-se que Miguel precisou se desfazer da bicicleta. A bicicleta já não era o veículo verde mais cool pra tirar onda na faculdade. O patinete elétrico é que tá na moda. Abastecido com energia eólica, claro. Foi pra lojinha de usadas e largou a bicicleta ao vento. Sem remorso.
E com um cata-vento, tirei a bicicleta de lá. Por uma pechincha. Agora ela se chama Joaquina. Agora sou eu no despenteio. E a felicidade dela corre de guidão em guidão, de abraços em outros braços. Fazendo o tempo parecer pouco, mesmo que seja um dia inteiro.
E o ventão lá. Soprando. Nem aí pra essa bobagem toda que eu escrevi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário