sábado, 4 de outubro de 2014

Entreouvindo a Escola Municipal Atrás De Casa




- HAHAHAHA! Pega aqui, ó! Seu lerdo! Você só corre mais que eu na frente do Kinect. Rechoncudo!
- Quiii... é... uhh... "rechoncudo"?
- É gordo!
- Você... até pra... uhh... me chamar de gordo... é metido a beixxxta.

Conta-se que o gordo sobrevivieu ao fôlego perdido, chegou em casa e falou do "rechoncudo" pra mãe. A mãe disse que seu amiguinho era um jumento e que não sabia nem xingar direito, que faltou um H nessa hora da ofensa. No dia seguinte, o gordo teria deitado e rolado sobre o amiguinho, grtitando "Sou rechonCHUDO, seu jumento metido a beixxxta!". Literalmente deitado e rolado.

***

- EEEEEEI,  SEUX BANDO DE MULEQUEX FEDIDOX! PARA COM EXTA MIERDA! Já não basta gritar na minha janela, agora a vaca da professora ainda bota lata pra vocês batucarem! VÔ JOGAR ÁGUA EM VOCÊIX SE NÃO PARÁ!

***

- ... e ainda tem os diár de greve pra repor, depois que acabar o ano. 
- Tô é pra ficar maluco. E essa greve não aidantou de nada.
- Ih, tá reclamando de que? Vocês ganharam reajuste na folha, plano de carreira e tudo. Tá sobrando me dá.
- Para de ser burra. O dinheiro é só uma das formas de se receber bem pelo trabalho. Não é a mais importante pra mim.
- Ó, você se formou professô, mas precisa de um curso de quem é pobre. Nunca vi um morador de favela falando essas bobagi. Quer recebê em chiclete, é isso? Nem vem. Sô vigia.Vigia é ótimo em observar.

***

- MAIX QUE CARAAAAAALHOOOO! PROFESSORA DE MIERDA! Criançada, pede pra professora ensinar a ir tomar no cú! Isso, pergunta assim: professora, como faz pra enfiar este tamborim aqui no cú, hein?? Essa batucada de manhã, rá se foderem! Se pelo menox acertasse o tempo dexta porra, MAIX NÃÃÃÃÃO! Não tem um repique na caralha do lugar! O gordinho ali, que só fica xingando o outro peixte de jumento, nunca deve ter ouvido falar em bumbo. BUMBO É O VIADO DO SEU PAI! Larga isso daí e vai pergutar pra ele.



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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto