Andava emaranhado com a cidade e seus desejos esticados pela areia fina. Novembro passava. Sentia o corpo ardendo com o sol de vaidades que banhava a praia larga. Tantos afoitos forjando intimidades, terra de meio-sorrisos, os perfeitos que davam defeito. Eram licores sem cores, o puro álcool evaporando sal do mar. Era tudo ressaca.
Era um Rio de Janeiro e Novembro passava em sua vida sem portela.
Entre uma e outra estação, fingia ser Primavera pra todo lado, tinha que esperar pela sua hora. Se sentia enjaulado e diminuído pelos relógios. Preso em um mundo de frases pré-moldadas, qualquer um podia edificar a próxima curva da vida. A solidão se apoderava, o cão negro do vizinho que mostrava os dentes e já não tem mais coleira. Entrou em uma loja pra comprar um paletó novo. Chorou como uma criança dentro do provador e saiu como se nada tivesse acontecido.
Tudo isso era a cidade do sol em dia de chuva. A confusão lá dentro não tem zona, qualquer grande túnel sem a luz no fim. Ela sofria saudades em um céu de brigadeiro. E ele não sabia nem como esconder própria dor. Vazava e pedia. O silêncio cuidava de cumprir a missão dos rugidos. Os gritos do pequeno homem-leão moravam nas respostas que nunca eram dadas às perguntas.
Novembro. O fim da história eu sempre esqueço, meu amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário