Awi mauê, awi mauê, awi mauê.
- Perdeu! Perdeu! Se mexer eu vou te furar todinho.
- Perdi, pode levar. Pode levar.
- Pega o relógio dele.
- No bolso! O que tem no bolso?!
- Pode levar... NÃO! A CORRENTE NÃO!
In the Jungle, the Mighty Jungle, the lion sleeps tonight.
A mão do Assaltante 1 se fecha em torno da corrente enquanto o cotovelo direito do rapaz sobe por baixo, acertando bíceps e fazendo a mão do outro se abrir. A adrenalina dispara. No mesmo movimento, o rapaz agarra o pulso dele e o torce como faz com as suas calças jeans, deixando o Assaltante 1 torto e quase de joelhos. O Assaltante 2 tira a mão do bolso e acerta um soco nas costelas do rapaz. A raiva, como se fosse um balão cheio com ar demais, explode. Um balão que nem parecia existir e já está ali, no ar, se estilhaçando, ecoando pelas ruas vazias do centro da cidade.
In the village, the peaceful village, the lion sleeps tonight.
O rapaz não se mexe com o soco, por reflexo revida com uma cabeçada no rosto desse tal de 2 e decide quebrar o braço do Assaltante 1. Puxa o pulso até deixar o braço dele esticado e dá um gancho, aquele soco de baixo para cima, no antebraço do infeliz. É como ver um palito de dente se partir. Talvez seja. O braço dele era muito fino, de alguém que não come direito há meses. Assaltante 1 está fora. O rapaz se vira para o 2, que dá mais socos, todos no ar. Assaltante 2, seguro pela camisa, grita de susto. Depois vem o grito de dor. Seu joelho direito está apontado pro lado errado e ele está caido. Os gemidos fazem a música de um ballet instantâneo de violência. O assalto vira bárbarie. O assaltado, um balão explodido.
Hush my darling, don't fear my darling, the lion sleeps tonight.
São muitos socos. O rapaz está montado sobre o Assaltante 2, ou o que ele está se tornando. Uma massa de sangue disforme. Nariz quebrado e nocauteado, mas o rapaz ainda está batendo. Cada pancada é um eco oco no corredor de prédios vazios. Os carros passam do lado como se nada estivesse acontecendo. O rapaz se levanta, sem saber bem o que fez, e corre. As mãos dele beberam muito sangue, são vampiros. As gotas voam pelo asfalto, ele some na noite. As duas vítimas ficam mudas, na calçada escura. E assim como a selvageria começou, acaba? Não. Ela não tem começo e nem fim;
Awi mauê, awi mauê, awi mauê.
- Perdeu! Perdeu! Se mexer eu vou te furar todinho.
- Perdi, pode levar. Pode levar.
- Pega o relógio dele.
- No bolso! O que tem no bolso?!
- Pode levar... NÃO! A CORRENTE NÃO!
In the Jungle, the Mighty Jungle, the lion sleeps tonight.
A mão do Assaltante 1 se fecha em torno da corrente enquanto o cotovelo direito do rapaz sobe por baixo, acertando bíceps e fazendo a mão do outro se abrir. A adrenalina dispara. No mesmo movimento, o rapaz agarra o pulso dele e o torce como faz com as suas calças jeans, deixando o Assaltante 1 torto e quase de joelhos. O Assaltante 2 tira a mão do bolso e acerta um soco nas costelas do rapaz. A raiva, como se fosse um balão cheio com ar demais, explode. Um balão que nem parecia existir e já está ali, no ar, se estilhaçando, ecoando pelas ruas vazias do centro da cidade.
In the village, the peaceful village, the lion sleeps tonight.
O rapaz não se mexe com o soco, por reflexo revida com uma cabeçada no rosto desse tal de 2 e decide quebrar o braço do Assaltante 1. Puxa o pulso até deixar o braço dele esticado e dá um gancho, aquele soco de baixo para cima, no antebraço do infeliz. É como ver um palito de dente se partir. Talvez seja. O braço dele era muito fino, de alguém que não come direito há meses. Assaltante 1 está fora. O rapaz se vira para o 2, que dá mais socos, todos no ar. Assaltante 2, seguro pela camisa, grita de susto. Depois vem o grito de dor. Seu joelho direito está apontado pro lado errado e ele está caido. Os gemidos fazem a música de um ballet instantâneo de violência. O assalto vira bárbarie. O assaltado, um balão explodido.
Hush my darling, don't fear my darling, the lion sleeps tonight.
São muitos socos. O rapaz está montado sobre o Assaltante 2, ou o que ele está se tornando. Uma massa de sangue disforme. Nariz quebrado e nocauteado, mas o rapaz ainda está batendo. Cada pancada é um eco oco no corredor de prédios vazios. Os carros passam do lado como se nada estivesse acontecendo. O rapaz se levanta, sem saber bem o que fez, e corre. As mãos dele beberam muito sangue, são vampiros. As gotas voam pelo asfalto, ele some na noite. As duas vítimas ficam mudas, na calçada escura. E assim como a selvageria começou, acaba? Não. Ela não tem começo e nem fim;
Awi mauê, awi mauê, awi mauê.
Awiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii hi hi hi hi hi hi. Awi awi mauê.