Ouvi a moça dizer "eu te amo" e acabar com um possível amor. Foi tão rápido, tão doloroso, tão constrangedor. Eu ali, comprando o Globo na banca, e ela olhando pro homem grisalho com olhos impiedosos de quem não tem mais o próprio coração.
No rosto dele veio a resposta, susto de "Ai, meu Deus!", tão cruel e tão honesto que jamais poderia ser recriminado. Talvez tudo o que ele quisesse fosse amar também, só faltou aquilo que não tem nome e ninguém sabe onde é que fica, ninguém viu ou deu bom dia, nunca votou e não paga imposto, aquela coisa que desperta e faz sentir infinito.
Escondo os olhos no jornal enquanto pago, o jornaleiro disfarça contando o troco. Se conhece bem o pesar das testemunhas, dos dois no meio do caminho. E lá se vai um crime sem perdão que é justo deixar impune.
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