segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ondas curtas, Oceanos




- Ainda uso os sabonetes que sua mãe me deu.
- Aqui só chove.
- Seu regime é militar, meu amor. Aqui em casa é anarquia.
- Melhor do que ser um Czar. Me conta uma história?
- Eu não tô com sono. Juro. É só que meu olho gosta mais de ficar fechado.

- Quero entrevistar o moço que toca o violão de uma corda só.
- Aqui fica tão vazio sem você.
- Eu acho que ele precisa mesmo é de um baixo.
- A gente deveria ter ido tomar sorvete aquele dia.
- A minha janela daqui tem um pedaço faltando. Você. Sempre falta você.

- É amar em fusos.
- Eu não tava posando pra foto, pára!
- Vou ter que ir aí passar protetor solar na sua cara, é isso?
- Ontem eu subi uma montanha. E isso não é uma metáfora.
- Vou ali ver o bebê. E não vem com essa de sentir ciúmes dele.

- Você gosta de escola de samba?
- Ele está lá, meu amor. Não se mostra, mas está. Em todo o lugar. Eu só quero que ele vá embora.
- Nunca lembro dos meus sonhos, é por isso que os seus são tão reais pra mim.
- Ainda quero, ainda vou.
- Comeu direito? Se ouvir KFC, você tá frito.
- As long as I stay in this river named Distance, the suffering will hold me by the hand and call me "brother".
- Nunca fiquei com tanta vergonha.

- Eeeei! Eu também sou Rodrigues!
- Existe alguma chance de você estar entrando em depressão, querido?
- O mais bonito nascer do sol da minha vida.
- Príncipe pode?
- Doce, não. Talvez você, escrava da glicose. Mas eu? Não, eu não. Doca, não doce. Doca.
- Fui em Pirenópolis comprar potes de barro.

- Vamos dançar assim quando eu voltar!
- Já tô aprendendo a cozinhar.
- Se a dor superar o amor...
- Tem chocolate? Só precisa ter chocolate.
- A água fria fazia a gente encarar qualquer coisa. A raiva virava determinação.
- Tem sim, precisa dar um nome pra ele.
- Eu prefiro você ao vivo.
- Para de bobagem.

- Os meus lençóis já aprenderam português de tanto eu falar de você. As paredes já sabem soletrar seu nome. Minha cafeteira não aguenta mais as histórias repetidas que eu conto sobre a gente.
- Vai passar rápido.
- Vai sim.
- Eu te amo tanto que o meu peso diminui a cada conversa. Essa linha corta as coisas. Ficam pedaços de mim pelo caminho.



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Quem sou eu

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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto