Eram 7h32 quando o barulho começou. A princípio, eu não me mexi da cama. Cedo demais. O sol, pra mim, só nasce lá pras 9h40 e tudo o mais antes disso é madrugada.
E o barulho continuava. Tá que sacode a janela. Não consegui definir o que acontecia. Eu ainda estava muito idiota de sono pra raciocinar. Só fiquei a escutar o tal do barulho e pensando comigo "que troço amaldiçoado é esse que não para nunca?!". Barulho sincopado. Parecia qualquer coisa como uma obra, mas em obra tem pausa. Obra tem um barulho mais violento. O barulho parecia uma praga do inferno. Obra é o próprio inferno. E o tal do barulho não parava.
Rolei pro outro lado da cama, agarrei o travesseiro e passei o dito por cima da cabeça. Não adiantou nada. O barulho parecia estar dentro de mim, quicando em pedaços. Ô tec-ploc do capeta, quem foi o Exú que te mandou!?
Tateei o criado-mudo a procura dos óculos. Esbarrei no abajur, que caiu no chão fazendo um barulho maior que o barulho que tava me aborrecendo. Achei celular, relógio, livro e finalmente os óculos. Droga, ainda peguei pela lente.
Coloquei nos olhos e firmei a vista. Vinha da janela, o zumbido mancumunado com o Cão. Menos que caminhar, cambaleei ou quase rastejei até lá. Abri a cortina devagar, pra não arder a vista. E lá estava.
Chuva. Ué, chuva?! É. Num é que era? Chuva. Chuva tem barulho bom. Hum.
Deitei na cama e voltei a dormir imediatamente. Feliz da vida. Adoro dormir com barulho de chuva.