quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cachoeira de idéias

Isônia. Lexotan. Insônia.

Tião tinha doze metros de gravata metidas no gravatá, sabia já de cor. Como outros Titos, vivia sendo Vítor, um personagem sem nome dos Nestores que tanto faltam nesse país. Em qualquer um dos quatorze estados unidos que morou, sempre foi confusão. Acabou trocando a confusão (que, pelo amor de Deus, não é ninguém que eu conheço!) pela desorientação. Achou que se intitular desorientado soava melhor. Menos dramático. De tanto ser telefonista, acabou trocando o seu próprio nome por um gerúndio. Fernando. Nome próprio. Comprado a prestação.

Parece que tem qualquer coisa errada com minhas sinapses, não consigo organizar meu fluxo criativo. Vou mandar construir lá dentro um viaduto e tirar os semáforos. Não me sinto fazendo sentido. Talvez fosse melhor virar soldado e juntar o mundo, fundido os metais com maçarico. Daí ia poder entortar o sentido da música e me sentir "The Man Who Sold The World". Pior que trocadilho ruim, só o seu tio tosco que te chama de "campeão!" enquanto dá tapinhas na sua barriga.

É melhor um viaduto com ou sem tesourinha?

2 comentários:

Fernanda de Andrade disse...

Quer dizer que meu nome é um gerúndio? Adorei. hahahaha

Daniela de Carvalho Duarte disse...

Com tesourinha! Fazer alusão a essa nossa cidade confusa.

Que saudade de você, Lucas!

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"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato/ O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço/ O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome/ O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas/ O amor comeu metros e metros de gravatas/ O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus? O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos/ O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão/ Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte" - Dos Três Mal-amados, Palavras de Joaquim - João Cabral de Melo Neto