- Alôôô, ei! Hahaha! Sim, segura aí o som. Tenho umas coisas pra dizer. Calem a boca, que "aaaaaaah!" que nada. Hahahahaha! Cade os copos de vocês?! Isso. Pega lá. Não, você também! Larga ele e pega seu copo. Porque eu tô mandando. Quem te convidou? Eu não fui. Isso, copos erguidos! Agora, um brinde!
França, Portugal, Jamaica, Nova York. Você pra fazer mais flexões com o cérebro, eu... sei lá, porque eu queria beijar uma menina de cada país diferente! Hahaha! Sentir a faca entre os dentes, tocar o mar com os dedos como se fossem quilha do destino. E bradar com as canções de... de... argh.
Mentira. Não é só isso... corremos atrás da independência, cada um queria se tornar um homem forte, nos moldes de um pai que nunca esteve. Dar orgulho pra mãe que lutou por dois. A gente queria ser os Docas que valem a pena. Cada um por si, Deus não se metendo nessa história. Eu queria, a gente queria. O que encontramos? Até aqui, é o pó de um nome que corre pelos alísios.
Você me mostrou isso na sua sala de professor com cheiro de madeira nova. De todos os lugares em que eu estive, foi ali, naquela sala que eu descobri. Que enquanto navegava a sotavento pelo desconhecido, eu me sentia o cara mais sozinho do mundo. E você, a barlavento, você se sentia igual. Somos irmãos, afinal, no abandono profundo.
Você me mostrou isso na sua sala de professor com cheiro de madeira nova. De todos os lugares em que eu estive, foi ali, naquela sala que eu descobri. Que enquanto navegava a sotavento pelo desconhecido, eu me sentia o cara mais sozinho do mundo. E você, a barlavento, você se sentia igual. Somos irmãos, afinal, no abandono profundo.
Os únicos Docas. Aqui e onde mais, somos os que valeräo a pena. Os que nunca tiveram um lar, sob uma família inteira com nome de porto e que nunca teve um porto de verdade. Naquela sala eu recuperei um irmão, um homem melhor do que o que partiu, que me pediu desculpas e tem um amor pra dividir a vida daqui em diante.
Olha onde você está! Mais perto do porto que eu jamais estive. Daquelas Docas onde estacionarei, águas mansas e seguras, a família. A fogueira no quintal onde vou me sentar e contar histórias de popa e proa para os marinheiros de primeira viagem. Você tá tão perto. Cruzando esta enseada, o lar. O tão sonhado lar!
Olha onde você está! Mais perto do porto que eu jamais estive. Daquelas Docas onde estacionarei, águas mansas e seguras, a família. A fogueira no quintal onde vou me sentar e contar histórias de popa e proa para os marinheiros de primeira viagem. Você tá tão perto. Cruzando esta enseada, o lar. O tão sonhado lar!
Um brinde a você, marújo.